Baru do Cerrado conquista mercado europeu após liberação da UE, abrindo portas para bioeconomia e extrativistas
- Contato Sow
- 9 de jul.
- 5 min de leitura

O governo brasileiro recebeu o anúncio das autoridades da União Europeia (UE) sobre a autorização para a exportação de castanhas torradas de baru (Dipteryx alata Vogel) do Brasil aos 27 países membros do bloco. A decisão, aguardada por produtores e extrativistas, representa um avanço significativo para a bioeconomia brasileira e a valorização dos produtos do Cerrado no mercado internacional.
Considerada um “superalimento” devido às suas propriedades nutricionais – rica em proteínas, fibras, ácidos graxos essenciais e minerais –, a castanha de baru tem potencial crescente nos mercados de alimentos funcionais e naturais. A abertura do mercado europeu, com mais de 447 milhões de habitantes e o segundo maior importador de produtos agropecuários brasileiros (movimentando mais de US$ 23 bilhões em 2024), é um marco que expande as oportunidades para a cadeia produtiva do baru.
A liberação foi fruto de um processo rigoroso de avaliação da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA). O organismo da União Europeia, responsável por fornecer aconselhamento científico independente sobre riscos relacionados com alimentos, analisou a composição e o histórico de utilização do baru. A EFSA concluiu que “os dados disponíveis sobre a composição e o histórico de utilização do FT [sementes torradas de Dipteryx alata Vogel] não levantam preocupações de segurança” e, portanto, “não levanta objeções de segurança à colocação no mercado do FT na UE”.
Para Dionete Figueiredo, gestora da Copabase – Cooperativa de Agricultores Familiares e Extrativistas que atua no noroeste de Minas Gerais, na região de Arinos –, a notícia é motivo de grande celebração. “A Copabase é uma cooperativa que promove a organização das cadeias da sociobiodiversidade, ligadas à conservação do Cerrado, ao manejo agroecológico e à produção de alimentos saudáveis”, e o Baru é nosso produto “destaque”, aquele que levou nossa cooperativa para o mundo, explica Dionete.
A cooperativa já possui um portfólio diversificado de produtos alimentícios, presentes em canais de mercado importantes como alimentação escolar, mercados regionais e grandes centros como Brasília, São Paulo, Belo Horizonte e Rio Grande do Sul. A castanha de baru, um dos seus produtos mais especiais, já havia conquistado mercados internacionais, sendo exportada para os Estados Unidos, Dubai e Canadá.
“A exportação para a Europa era um desafio, uma barreira que tínhamos, pois, embora houvesse vários interessados e negociações em andamento, não era possível. Havia a necessidade de uma liberação do baru como alimento seguro, regulamentado pela União Europeia”, relata Dionete. “Hoje temos a grata satisfação de compartilhar que, graças a um movimento feito por cooperativas do Brasil, essa barreira foi superada. Foi regulamentada e publicada a permissão para que o baru torrado possa ser comercializado como alimento seguro em toda a União Europeia.”
Impacto Social e Ambiental
A autorização para exportação do baru para a Europa terá um impacto profundo para os extrativistas e as comunidades do Cerrado. O baru é um fruto nativo, cuja colheita é feita de forma extrativista, sem a necessidade de desmatamento, o que incentiva a conservação do bioma. O aumento da demanda internacional gera maior valor agregado ao produto e, consequentemente, impulsiona a geração de renda para as famílias que vivem da extração e do beneficiamento da castanha.
“Isso traz um impacto muito importante para todos os extrativistas, todas as cooperativas e organizações que trabalham na cadeia do Baru. Temos certeza que comercializar para a Europa dará um salto na geração de renda, na conservação do Cerrado e na promoção de um alimento ‘superfood’, super potente, que é do Brasil, 100% brasileiro”, ressalta Dionete.
A abertura do mercado europeu para o baru se soma às 389 novas aberturas de mercado alcançadas pelo agronegócio brasileiro desde o início de 2023, resultado do trabalho conjunto do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Ministério das Relações Exteriores (MRE). A decisão da UE não só reconhece a qualidade e segurança do baru brasileiro, mas também reafirma o papel do país como um ator chave na bioeconomia global, valorizando seus produtos da sociobiodiversidade.
Um "Superalimento" com poderes nutricionais
O Baru, também conhecido como cumbaru, é o fruto uma árvore do Cerrado brasileiro (Dipteryx alata) que possui uma castanha de excelente sabor e propriedades nutricionais. Rico em proteínas, fibras, magnésio, potássio e ferro além de alto valor energético, é um símbolo da rica sociobiodiversidade brasileira.
Considerado um autêntico "superalimento", a castanha de baru impressiona em sua composição nutricional: possui 26% de proteína e mais ferro que a carne bovina. Além disso, é carregada de fibras, magnésio, potássio, zinco, cálcio, vitamina E e ácidos graxos essenciais.
Graças a essa riqueza nutricional, o baru oferece propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, contribui para a redução do colesterol, auxilia na prevenção da hipertensão e de doenças degenerativas, e fortalece o organismo de forma geral, sendo até reconhecido por suas propriedades afrodisíacas.
Modelo de Sustentabilidade e Dignidade
A história da castanha de baru da COPABASE é um exemplo brilhante de extrativismo sustentável e impacto social positivo. A coleta do fruto ocorre de agosto a novembro, envolvendo mais de 300 famílias de comunidades locais. Essa atividade não apenas gera renda digna para esses extrativistas, mas os torna guardiões ativos do Cerrado, promovendo a conservação desse bioma vital.
Cada castanha colhida narra uma história de tradição, cuidado e transformação. Os extrativistas armazenam os frutos e, ao longo do ano, extraem as castanhas, que são entregues à cooperativa para beneficiamento e comercialização. Esse processo segue um rigoroso controle de qualidade: o beneficiamento acontece em agroindústrias comunitárias, orientadas por técnicos profissionais qualificados que aplicam manuais de boas práticas de fabricação, garantindo a qualidade sanitária do produto final. A rastreabilidade é um pilar desse sistema, permitindo identificar o extrativista, a região e a data exata da colheita de cada lote.
Além de todas essas garantias, a castanha de baru da COPABASE ostenta certificações nacionais e internacionais, assegurando sua qualidade e sustentabilidade desde a origem.
A Cooperativa realiza ainda um continuo serviço de assistência técnica e extensão junto as famílias, realiza capacitações, oferta insumos e equipamentos, esforços resultantes da participação em projetos estruturantes de redes, com participação de parceiros importantes dispostos a apoiar, financiar e fomentar para ver a cadeia do Baru cada vez mais forte e sustentável.
O baru é mais que um alimento; é um convite para saborear a biodiversidade brasileira, apoiar a agricultura familiar e contribuir para um futuro mais sustentável e equitativo.
Nossa Rede de Parcerias
Instituto Federal Campus Arinos- IFNMG
Fundação Banco do Brasil
Sebrae Minas
Funbio – Copaíbas
Fundação Pró-Natureza- Funatura
Prefeitura Municipal de Arinos
Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Sustentável – MMA
Instituto Internacional de Educação do Brasil- IEB
WWF- Brasil
Central do Cerrado
Instituto Sociedade População e Natureza -ISPN
Ósociobio
Rede Cerrado
Conexsus
Embrapa Cerrados
Núcleo do Pequi
Ministério do Desenvolvimento Agrario
Banco do Brasil









Sempre acreditei que este dia chegaria. Parabéns a todos envolvidos neste processo de valorização do baru.
Antes de me apaixonar pelo fruto ,foi a árvore com uma copa linda.
Aonde brincava ,alimentava e muito mais.
Sofrie bastante, comia o fruto innatura a polpa e a castanha, todo ano era um tanto de pereba nas pernas e no corpo.
Crecie sofrendo e comendo.
Até que um dia em uma fazenda de um amigo ,me ofereceu a castanha torrada.
Por gostar do fruto ,busquei informação sobre e descobrir que a castanha na forma crua ,que causava minhas perebas kkk.
Saudações a todos .
Grato pela atenção,
Marlon Batista da fonseca
Catalão Goiás